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A Universidade Federal do Amazonas (UFAM) retirou do ar o vídeo de defesa da dissertação de mestrado da jornalista Paula Litaiff, atual vice-presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas (SJPAM), após denúncia protocolada por representantes indígenas do Parque das Tribos, localizado na zona Centro-Oeste de Manaus.
A medida foi formalizada pelo vice-coordenador do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA), Bruno de Oliveira Rodrigues, como parte de um processo administrativo que analisa a impugnação da pesquisa. O trabalho é intitulado Violência Simbólica de Gênero no Parque das Tribos.
A denúncia foi apresentada pelos advogados Isael Munduruku e Danielle Baré, em nome do cacique Ismael Munduruku, que contesta a maneira como foi citado na dissertação. As acusações incluem distorções de depoimentos, uso inadequado de fontes e violação de direitos coletivos.
O caso está amparado na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige consulta prévia, livre e informada às comunidades indígenas sempre que seus modos de vida forem abordados em pesquisas. A convenção tem validade legal no Brasil.
Em vídeo publicado nas redes sociais, a indígena Maira Mura, indicada como fonte na dissertação, negou declarações atribuídas a ela:
Diante das denúncias, a UFAM suspendeu temporariamente o vídeo da defesa e informou que seguirá os trâmites internos para apuração. A confirmação de falhas metodológicas poderá resultar na anulação do título e no encaminhamento de ações judiciais por danos coletivos.
No campo profissional, o episódio é avaliado com base no Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, que estabelece como princípios fundamentais a veracidade das informações e o respeito aos direitos humanos. Possíveis infrações poderão ser examinadas por órgãos como o Conselho de Ética do SJPAM e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), conforme os procedimentos internos.
Atualização
A Universidade Federal do Amazonas voltou a disponibilizar no YouTube o vídeo da defesa de dissertação da jornalista Paula Litaiff, que havia sido removido anteriormente em razão das denúncias.
O título do trabalho é A luta pela conquista do poder feminino no Parque das Tribos: o corpo da mulher indígena como território de resistência. Segundo a autora, a dissertação foi construída com base em depoimentos de mulheres da comunidade e documentos oficiais, respeitando critérios metodológicos.
A autora declarou:
Até o momento, a UFAM não se pronunciou sobre a retirada ou o retorno do conteúdo. A Revista Echos mantém o espaço aberto para todas as manifestações.
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